domingo, setembro 14, 2025

Introdução

A cirurgia para remoção de tumores cerebrais é um procedimento com potencial de comprometer a função cognitiva dos pacientes, especialmente quando envolve regiões eloquentes do cérebro. Compreender como essas intervenções afetam a conectividade cerebral — e como essas mudanças se relacionam com o desempenho neurocognitivo — é essencial para prever resultados e guiar o planejamento cirúrgico.

Objetivo

Investigar se mudanças longitudinais na conectividade cerebral funcional (fMRI) e estrutural (dMRI) estão associadas a alterações no desempenho neurocognitivo em pacientes submetidos à ressecção de tumor cerebral.

Metodologia

  • Participantes: Pacientes adultos diagnosticados com tumor cerebral foram avaliados em dois momentos: antes e duas semanas após a cirurgia.
  • Imagem Cerebral: Foram utilizados exames de fMRI (funcional) e dMRI (estrutural) para mapear a conectividade entre regiões cerebrais.
  • Desempenho Cognitivo: Avaliado por uma bateria de testes neuropsicológicos que medem memória, atenção, linguagem, funções executivas e velocidade de processamento.
  • Análise Estatística: Um escore composto foi calculado a partir dos testes neuropsicológicos. Regressão linear múltipla foi utilizada para correlacionar mudanças no desempenho com mudanças nos parâmetros de conectividade (grau, eficiência, modularidade e centralidade).

Resultados

A análise mostrou que:

  • Pacientes com maior redução na conectividade funcional em regiões frontoparietais apresentaram queda significativa no desempenho cognitivo.
  • Alteracões na conectividade estrutural foram mais sutilmente associadas a funções como velocidade de processamento e atenção.
  • A regressão linear múltipla confirmou uma associação estatisticamente significativa entre os índices de conectividade e o escore cognitivo composto (p < 0.01).

Relevância e Aplicações Práticas

Este estudo destaca a utilidade de marcadores de conectividade cerebral como ferramentas para:

  • Previsão de desfechos neurocognitivos pós-operatórios.
  • Monitoramento não invasivo da recuperação cognitiva.
  • Apoio ao planejamento cirúrgico personalizado, evitando regiões de alta conectividade associadas a funções cognitivas críticas.

Além disso, esses achados podem informar o desenvolvimento de estratégias de reabilitação cognitiva orientadas por neuroimagem, possibilitando intervenções precoces em pacientes com maior risco de déficits.

Conclusão

Mudanças na topologia de redes cerebrais após a ressecção de tumores estão diretamente relacionadas ao desempenho neurocognitivo. Identificar esses padrões pode ser essencial para antecipar desfechos clínicos e personalizar abordagens terapêuticas.


Referência: Ellis, D. G., Garlinghouse, M., Warren, D. E., & Aizenberg, M. R. (2025). Longitudinal changes in brain connectivity correlate with neuropsychological testing in brain tumor resection patients. Frontiers in Neuroscience, 19. Publicado em 24 de Março de 2025.

Link: https://www.frontiersin.org/journals/neuroscience/articles/10.3389/fnins.2025.1532433/full
DOI: 10.3389/fnins.2025.1532433

spot_img